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quinta-feira, 28 de abril de 2011

Entrevista Das Ruas -Sérgio Vaz:



Hoje inauguramos a Sessão "Entrevista das Ruas", onde estaremos publicando entrevistas com gente que produz, organiza, pesquisa ou simplesmente aprecia boa Literatura.
Pra estreiar essa sessão, ninguém melhor que alguém que personifica muito bem a Literatura Periférica, o Vira-Lata Sérgio Vaz, Coordenador da Cooperifa, em entrevista exclusiva para o Versos das Ruas:

Sérgio Vaz é um poeta que faz circular cultura em seu próprio bairro, Piraporinha. Coordenador do movimento literário Cooperifa, promove saraus de poesia todas as noites de quarta-feira no bar do Zé Batidão (Rua Bartolomeu do Santos, 797) e, mais recentemente, o Cinema na Laje, no mesmo local.
Sérgio Vaz é poeta e agitador cultural, autor dos livros Colecionador de Pedras (Global Editora) e Cooperifa, Antropofagia Periférica (Editora Aeroplano). ItaúCultural-Release

 "O poeta Sérgio Vaz sofre de insônia. Por volta de 1 hora da madrugada, ele se aconchega à mulher, Sônia, e até dorme. Três horas depois, acorda com o coração em batida de rap no peito e as ideias falando alto, todas ao mesmo tempo na cabeça. Tem os olhos arregalados, as mãos não param quietas nem ele deitado. Ninguém, com exceção de Sônia, tem vontade de curar a vigília forçada de Sérgio Vaz. Por uma razão egoísta. A insônia desse homem entroncado, de personalidade marrenta e traços que parecem esculpidos por Mestre Vitalino – o célebre ceramista de Caruaru – tem despertado um Brasil que dorme mesmo quando acordado." Notociário Periférico (noticiarioperiferico.com)
O que é Cooperifa?
R: movimento cultural que transformou uma bar, há 10 anos, em centro Cultural, e que tem como objetivos, o icentivo à leitura e à criação poética.

Qual a importância dos livros em bairros mais humildes?R: acreditamos que só o conhecimento liberta.
Como você ve a proximidade que o público do rap hoje tem da literatura, sendo você um dos responsáveis por essa tendência?
R: vejo isso positivamente, até porque foi o Hip Hop quem começou tudo isso na periferia. temos parcerias importantes com o rap nacional.

Soube que é fã de cinema (Documentários, filmes etc...) . Qual foi a influência que eles tiveram no desenvolvimento dos seus trabalhos?
R: Cinema é outra fonte de inspiração. Gosto desta coisa da ilusão influenciando a realidade, afinal de contas sou poeta, né não? A Arte tem um poder fundamental na contrução do caráter do ser humano, tanto para o bem, como para o mal, o conhecimento é que dá ferramentas para a gente saber escolher o caminho certo.

Deixe uma mensagem aos novos leitores, que estão descobrindo o livro agora: 
R: Leiam livros. Leiam gente. Leiam as ruas.

Oração de um vira-lata - por Sergio Vaz


A música "Wake up everybody" (acordem pessoasl) de John Legend e Roosts" ainda me faz acreditar no ser humano, no sonho de um mundo mais justo e melhor. Há dias eu a ouço, como um mantra, antes de sair pras batalhas das ruas, antes de enfrentar os leões que nos espreitam nas dificuldades do cotidiano, nas vielas das incertezas e na cruz da mediocridade que nos assombra.
Esta música tem sido a minha bíblia, meu alcorão e meu torá, isso, é claro, sem desrespeitar a religião de ninguém, digo porque há muito tempo não sou sintonizado em algo tão sagrado e honesto. Porque muitas vezes ter juízo, é a prova de já se está no final.
Aliás, falando em religião, queria aproveitar pra dizer que sigo um Deus chamado "Amor" e é só pra ele que ajoelho, que rezo.
E este Deus que habita meu coração, só me ilumina quando amo outras pessoas, quando amo o que faço. E ele só se manifesta quando as mentiras que conto pra mim não afeta o coração de outras pessoas.
E que o Deus que mora em mim, não deixa que seja escravizado, nem que escravize, porque a palavra liberdade está contida em todos os versículos dos meus dias. Para recitá-la em forma poema, não em sermão de montanhas inacessíveis, mas no riso que aquece a poesia do povo que tem fé no amanhã.
O Deus todo poderoso chamado Amor faz com que o sal de minhas lágrimas transforme-se em calos nas mãos, para que nunca esqueça que nada cai do céu, e que minhas derrotas e vitórias também nascem dele, e que o medo de lutar é um inferno com mil areias movediças em que o covarde se atola.
O Amor que está em mim e você, não sabe o que faz, por isso muitas vezes é crucificado, por isso não deve ser seguido. Quem ama erra.
Quem segue o Amor sabe que o milagre não está na vida, mas na coragem de viver.
Quem acredita no amor reencarna todos os dias no paraíso.
Amém.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Rafael e Juliana

Dedicado a uma pessoa que
me ensinou a ter esperança...

...Rafael morava no Morro da Ciranda, comunidade humilde, e não carente, porque pra ele “carente é o caralho!”. Juliana morava no centro, “perto demais do movimento” era o que pensava.
Rafael cresceu solto nas ruas de terra, correndo atrás de aventuras. Observador, registrava detalhadamente a rotina da quebrada. O tráfico, o futebol, os botecos e as igrejas. Os manos que moravam nas ruas e sempre estavam sorrindo, os manos passando de correntes e carrões, todos de cara fechada.
Juliana vivia entre as aulas de balé e os livros. Adorava ler, mas odiava o balé. Sua mãe gostava que fizesse e Juliana sentia que era importante porque percebia o orgulho da mãe ao contar pras amigas: “Ai amiga, você precisa ver minha Jú fazendo Pliê!”.
O tempo passou, e o observador Rafael ainda observava e ainda não entendia a causa de tanta guerra, de tanto ódio e tanto egoísmo. Já adolescente, fazia parte de um grupo de rap, onde podia expressar as conclusões que tirava de suas observações. Vaidoso, sempre procurou vestir-se bem, e não estamos falando de marcas caras e sim de estilo e elegância.
Juliana também cresceu, fez faculdade e tinha um bom emprego. Dentro de casa sempre foi respeitosa, às vezes até submissa, mas os estudos e o trabalho a ensinaram a se impor e correr atrás dos seus ideais. Visitava o brechó toda semana, pois odiava o consumismo e a ostentação, mas era muito exigente com seu visual.
Rafael teve muitas garotas, mas na sua maioria apenas atração física, pois elas tinham dificuldade em entender sua ideologia de vida e suas convicções e ele as achava fúteis demais.
Juliana teve poucos homens e menos ainda namorados. Valorizava muito a intimidade, a cumplicidade de um relacionamento e nunca era correspondida a altura.
E entres viaturas e protestos, entre shows e militâncias, Rafael se destacou no Movimento Social, e conseguiu uma oportunidade como Gestor Público, onde pode desenvolver suas idéias em benefício de sua comunidade.
Juliana era presidente de uma ONG, que desenvolvia um trabalho de revitalização de comunidades de baixa renda, reciclando lixo e transformando em fonte de renda e recursos para a comunidade.
Um dia se encontraram num terreiro de Candomblé, que Rafael já freqüentava e que Juliana foi convidada a conhecer por amigos em comum. Conversaram sobre projetos, idéias; tornaram-se amigos.
Descobriram que tinham muito em comum, apesar da origem diferente e de uma amizade sincera e responsável surgiu um amor que contagiava tudo e a todos ao seu redor.
Namoraram durante anos e nesses anos dividiram sonhos, projetos, alegrias e tristezas. Casaram-se, tiveram filhos e criaram-nos em meio à natureza e o clima de revolução, numa Chácara entre o Morro da Ciranda e o Centro da Cidade, onde funcionava a sede de um projeto criado por eles.
Juliana estava finalmente se sentindo livre, tinha encontrado sua paz e o amor de viver a vida intensamente.
Rafael se sentia completo, pois encontrou um porto seguro, onde podia atracar depois de suas batalhas, vitórias e derrotas.

Corvo

segunda-feira, 11 de abril de 2011



O que acontece, quando a repressão vira ódio?

O que acontece após o efeito do ópio?

Mente quebrada, arma na mão;

Um louco brasileiro, corpos no chão!



Você nunca viu, ou nunca quis ver,

prefere se indignar, após a tragédia acontecer.

É fácil reclamar, culpar o poder,

Mas quando você, foi pra rua dizer?



Hoje, político, sociedade e todos demais;

... O filho do Brasil que você ignorava,

hoje é seu descaso, sangrando na calçada!...



CORVO - Em Homenagem às crianças mortas hoje no Rio

terça-feira, 5 de abril de 2011

HUMILDADE






"HUMILDE É UMA PESSOA GRANDE


QUE TRATA OS PEQUENOS


COMO SE FOSSEM MAIORES"


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Sérgio Vaz




Povo lindo, povo inteligente,

mais uma "Chuva de livros no sarau da Cooperifa, uma chuva fora de época, porque a chuva mesmo é em agosto, mas graças ao apoio da Editora Companhia das letras foi possível esta magia.


Falando em magia, que noite linda! Perfeita: literatura e cidadania.


E se já não bastasse todo nosso povo lindo e inteligente que super lotou o Zé Batidão, ainda tivemos a visita do Editor Luiz Schuwarcz que leu um poema do Vinícius de Morais e embarcou com a gente em mais uma noite em que a poesia prevaleceu na periferia de São Paulo. Agradeço também a visita da Lilian Schuarcz, Rafaela, Mariana e Joana, também da editora.


É isso. Quem estava lá pode ver de perto o Milagre da poesia. A Cooperifa exercendo a cidadania e levando literatura pra comunidade.


Incentivo à leitura e a criação poética são os pilares do nosso movimento. É pra isso que a gente luta. Que a gente vive e credita. Teoria na prática.


Vai vendo a poesia do destino. Lá fora uma garoa fina e fria, dentro, uma tempestade de calor inundava nossos corações. Queima!


Que venham novos dias. São 10 anos de atividades culturais na periferia paulistana.


.


Abs.


sergio vaz