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sexta-feira, 2 de setembro de 2011

REVOLTA

Hoje parei pra pensar...
Lutar pra quê???
Pra morrer de forma precoce, ou pra minha mãe chorar em cima do meu caixão???
Vejo todas angústias, me vejo só observando
Minha vida é assim... Não me considero omisso
Só acho que não adianta mais lutar
O inimigo tem o poder, o controle é dele
O que me resta é ser amigo dele (se é que isso é ser amigo!?)
(guarde segredo por favor, vou falar só pra você)
Eu entrei na casa do opressor, estou abaixo de qualquer suspeita
Simplesmente invadi o psicológico
Em um quarto estava a desigualdade repousando
No escritório a injustiça numa reunião com a discriminação e o preconceito
E por fim o bebê, REVOLTA, tava gritando ( dei uma atenção especial pra essa criança)
Fui até a adega e misturei
Fui até o quarto e asfixiei a desigualdade
Posso parecer um monstro agora, mas vejo que
Foi preciso eu ouvir uma criancinha chamada REVOLTA pra eu acordar e ver que
Se eu não matasse a desigualdade, a discriminação, o preconceito e a injustiça
Só o grito da REVOLTA não adiantaria
                                                
                Jessé_ FAMíLIA PIC FAVELA

terça-feira, 17 de maio de 2011

Entrevista das Ruas: Crônica Mendes

Crônica Mendes

O entrevistado desse mês é nada mais nada menos que Crônica Mendes, Cantor e compositor do grupo de rap nacional “A Família”. Teve seu primeiro contato com a música e a literatura aos 10 anos de idade, desde então, segue musicalisando e poetizando sonhos e o dia-a-dia. Provocador, pensador, Crônica Mendes com seu estilo livre e ao mesmo tempo individual, é um dos colunistas do Blog Literatura Periférica. Como compositor, já compôs diversas músicas para vários músicos e músicas da nossa arte.

"Música livre para transmitir liberdade"

Crônica Mendes
Confira a Entrevista das Ruas deste Mês:


Como você vê hoje a cena da literatura periférica e qual a importância na sua opinião; desse movimento?
Crônica Mendes: Bom a literatura periférica é mais uma conquista para nós, se antigamente as músicas não retratavam o nosso cotidiano, e ai o rap nasceu como um grito e passamos a cantar nossa vida por nós mesmo, com a literatura foi da mesma forma, se os livros do meu tempo de escola não falavam da gente nossa, nossas origens, nossa vida, nossos sonhos, com a literatura periférica nos passamos a escrever com nossas próprias mãos a nossa história. Isso mostra o quão a periferia é um berço da arte brasileira, o rap sempre incentivou os estudos, sempre poetizou os sonhos nas letras, desde sempre a literatura é presença marcante em várias letras, e de uns tempos pra cá essa literatura respira dentro e fora das letras de rap, como um movimento, formando uma nova celular de conhecimento, resistência e expressão da periferia.
 

Quais são suas referências hoje na Literatura e no Rap?
Crônica Mendes: Minhas referências são meus grandes amigos, e que eu gosto muito de chamá-los de professores, pois essa é a mais pura verdade. Pessoas incríveis como Sérgio Vaz, Nelson Maca, o livro do GOG também é muito bom, o poeta Fuzzil, gostei muito do livro ‘De que lado você está’ do André Ebner, gosto de ler nos blogs de vários escritores, poetas e atrevidos da escrita como eu, gosto muito de ler os devaneios Nina Fideles, aprendo muito com essas pessoas. No rap, sigo com quem sempre esteve comigo, Racionais, GOG, Realidade Cruel, Consciência Humana, essas são algumas das minhas referências, mas gosto do novo também como Jairo Periafricania, Versão Popular, Kiko Santana, poxa tem muito grupo bom que a gente sempre conhece nas cidades e estados por onde A Família tem passado ao longo desses anos. Sou bombardeado por influências por onde quer que eu vá, mas tenho minha fonte interior que tem voz e que me dirige os pensamentos e sentimentos na hora de compor. Gosto do que me emociona.



Como você vê a cena do Hip Hop no Interior Paulista?

Crônica Mendes:
O interior de São Paulo é um caldeirão a parte da capital literalmente, muita gente numa época falou que o rap estava fraco, mas elas se baseavam na capital paulista, e na época eu morava no interior, no São Jorge (Hortolândia) e eu ficava pensando. “poxa como o rap está fraco se aqui na quebrada os eventos continuam em alta, os eventos beneficentes continuam arrecadando alimentos dentre outras coisas e distribuindo organizadamente entre as famílias, os shows pagos também estão lotando casas, grandes nomes do rap estão vindo fazer show por aqui...” Eu ficava nessa, onde está essa crise? Ai descobri que, quem entrou em crise foram algumas pessoas e elas estavam jogando isso pra cima do rap. O interior de São Paulo é um dos polos mais resistentes e contundentes da música rap nacional, daqui saíram grandes nomes como Face da Morte, Realidade Cruel, A Família, Sistema Negro, Consciência X Atual, e muitos outros que tem a mesma importância tal qual esses que citei. O interior ou capital, seja como for o reconhecimento para o rap como um todo, é nacional.


O que você pensa sobre o hip hop estar se tornando uma cultura transversal, não ficando restrita só aos 5 elementos?
Crônica Mendes: Bom primeiro que eu não acredito que o Hip Hop tem 5 elementos, pra mim somos milhares de elementos que fazem do Hip Hop um movimento cultural, ou uma cultura em movimento, mas somos muitos, muito mais que 4 ou 5 elementos. O público que compra o Cd, DVD, que vai nos shows, também é parte disso, o professor que leva o rap para sua aula como ferramenta de ensino, também é parte disso. São tantos exemplos a serem citados, tem muita vida que move o Hip Hop, e o mesmo está abrangendo novos horizontes, mas isso precisa ser feito com contundência, sem abandonar nada nem ninguém.

    Deixe sua mensagem para os jovens hip hopers e jovens escritores de periferia:

    Crônica Mendes:
    Nunca faltem com a verdade nem com os sonhos e emoções.










    Poesia de maio

    Talvez você estivesse aqui,
    tudo seria diferente.
    Tudo seria novo,
    nada mais como antes.
    Mas alguém achou melhor NÃO.
    Então tudo segui como era antigamente;
    Igual.
    Quase igual,
    Era para seguir igual;
    Mas NÃO.

    Saudade
    do que
    um dia
    seria nós.

    O relógio atrasou novamente,
    mas desta vez a campainha NÃO tocou.
    Tudo ficou para uma próxima vez.
    Um dia novo.
    Um dia de manhã
    Até lá
    Até logo.

    Crônica Mendes




    terça-feira, 3 de maio de 2011

    XADREZ DE NÓS DOIS:


    " Passo dias confuso, sem saber qual o melhor movimento,
    Qual a próxima Jogada; eu nunca entendo.
    Se dessa rainha, sou só mais um peão,
    Vou puxar meu cavalo pra fora dessa situação;
    ...mas se tenho chance de alcançar essa torre, onde vc aprisionou seu coração,
    Não há Bispo no mundo que me faça mudar a decisão,
    Pois essa há muito já tomei.
    Ter essa Rainha, mesmo sem nunca ter sido Rei!"
    CORVO

    quinta-feira, 28 de abril de 2011

    Entrevista Das Ruas -Sérgio Vaz:



    Hoje inauguramos a Sessão "Entrevista das Ruas", onde estaremos publicando entrevistas com gente que produz, organiza, pesquisa ou simplesmente aprecia boa Literatura.
    Pra estreiar essa sessão, ninguém melhor que alguém que personifica muito bem a Literatura Periférica, o Vira-Lata Sérgio Vaz, Coordenador da Cooperifa, em entrevista exclusiva para o Versos das Ruas:

    Sérgio Vaz é um poeta que faz circular cultura em seu próprio bairro, Piraporinha. Coordenador do movimento literário Cooperifa, promove saraus de poesia todas as noites de quarta-feira no bar do Zé Batidão (Rua Bartolomeu do Santos, 797) e, mais recentemente, o Cinema na Laje, no mesmo local.
    Sérgio Vaz é poeta e agitador cultural, autor dos livros Colecionador de Pedras (Global Editora) e Cooperifa, Antropofagia Periférica (Editora Aeroplano). ItaúCultural-Release

     "O poeta Sérgio Vaz sofre de insônia. Por volta de 1 hora da madrugada, ele se aconchega à mulher, Sônia, e até dorme. Três horas depois, acorda com o coração em batida de rap no peito e as ideias falando alto, todas ao mesmo tempo na cabeça. Tem os olhos arregalados, as mãos não param quietas nem ele deitado. Ninguém, com exceção de Sônia, tem vontade de curar a vigília forçada de Sérgio Vaz. Por uma razão egoísta. A insônia desse homem entroncado, de personalidade marrenta e traços que parecem esculpidos por Mestre Vitalino – o célebre ceramista de Caruaru – tem despertado um Brasil que dorme mesmo quando acordado." Notociário Periférico (noticiarioperiferico.com)
    O que é Cooperifa?
    R: movimento cultural que transformou uma bar, há 10 anos, em centro Cultural, e que tem como objetivos, o icentivo à leitura e à criação poética.

    Qual a importância dos livros em bairros mais humildes?R: acreditamos que só o conhecimento liberta.
    Como você ve a proximidade que o público do rap hoje tem da literatura, sendo você um dos responsáveis por essa tendência?
    R: vejo isso positivamente, até porque foi o Hip Hop quem começou tudo isso na periferia. temos parcerias importantes com o rap nacional.

    Soube que é fã de cinema (Documentários, filmes etc...) . Qual foi a influência que eles tiveram no desenvolvimento dos seus trabalhos?
    R: Cinema é outra fonte de inspiração. Gosto desta coisa da ilusão influenciando a realidade, afinal de contas sou poeta, né não? A Arte tem um poder fundamental na contrução do caráter do ser humano, tanto para o bem, como para o mal, o conhecimento é que dá ferramentas para a gente saber escolher o caminho certo.

    Deixe uma mensagem aos novos leitores, que estão descobrindo o livro agora: 
    R: Leiam livros. Leiam gente. Leiam as ruas.

    Oração de um vira-lata - por Sergio Vaz


    A música "Wake up everybody" (acordem pessoasl) de John Legend e Roosts" ainda me faz acreditar no ser humano, no sonho de um mundo mais justo e melhor. Há dias eu a ouço, como um mantra, antes de sair pras batalhas das ruas, antes de enfrentar os leões que nos espreitam nas dificuldades do cotidiano, nas vielas das incertezas e na cruz da mediocridade que nos assombra.
    Esta música tem sido a minha bíblia, meu alcorão e meu torá, isso, é claro, sem desrespeitar a religião de ninguém, digo porque há muito tempo não sou sintonizado em algo tão sagrado e honesto. Porque muitas vezes ter juízo, é a prova de já se está no final.
    Aliás, falando em religião, queria aproveitar pra dizer que sigo um Deus chamado "Amor" e é só pra ele que ajoelho, que rezo.
    E este Deus que habita meu coração, só me ilumina quando amo outras pessoas, quando amo o que faço. E ele só se manifesta quando as mentiras que conto pra mim não afeta o coração de outras pessoas.
    E que o Deus que mora em mim, não deixa que seja escravizado, nem que escravize, porque a palavra liberdade está contida em todos os versículos dos meus dias. Para recitá-la em forma poema, não em sermão de montanhas inacessíveis, mas no riso que aquece a poesia do povo que tem fé no amanhã.
    O Deus todo poderoso chamado Amor faz com que o sal de minhas lágrimas transforme-se em calos nas mãos, para que nunca esqueça que nada cai do céu, e que minhas derrotas e vitórias também nascem dele, e que o medo de lutar é um inferno com mil areias movediças em que o covarde se atola.
    O Amor que está em mim e você, não sabe o que faz, por isso muitas vezes é crucificado, por isso não deve ser seguido. Quem ama erra.
    Quem segue o Amor sabe que o milagre não está na vida, mas na coragem de viver.
    Quem acredita no amor reencarna todos os dias no paraíso.
    Amém.

    terça-feira, 26 de abril de 2011

    Rafael e Juliana

    Dedicado a uma pessoa que
    me ensinou a ter esperança...

    ...Rafael morava no Morro da Ciranda, comunidade humilde, e não carente, porque pra ele “carente é o caralho!”. Juliana morava no centro, “perto demais do movimento” era o que pensava.
    Rafael cresceu solto nas ruas de terra, correndo atrás de aventuras. Observador, registrava detalhadamente a rotina da quebrada. O tráfico, o futebol, os botecos e as igrejas. Os manos que moravam nas ruas e sempre estavam sorrindo, os manos passando de correntes e carrões, todos de cara fechada.
    Juliana vivia entre as aulas de balé e os livros. Adorava ler, mas odiava o balé. Sua mãe gostava que fizesse e Juliana sentia que era importante porque percebia o orgulho da mãe ao contar pras amigas: “Ai amiga, você precisa ver minha Jú fazendo Pliê!”.
    O tempo passou, e o observador Rafael ainda observava e ainda não entendia a causa de tanta guerra, de tanto ódio e tanto egoísmo. Já adolescente, fazia parte de um grupo de rap, onde podia expressar as conclusões que tirava de suas observações. Vaidoso, sempre procurou vestir-se bem, e não estamos falando de marcas caras e sim de estilo e elegância.
    Juliana também cresceu, fez faculdade e tinha um bom emprego. Dentro de casa sempre foi respeitosa, às vezes até submissa, mas os estudos e o trabalho a ensinaram a se impor e correr atrás dos seus ideais. Visitava o brechó toda semana, pois odiava o consumismo e a ostentação, mas era muito exigente com seu visual.
    Rafael teve muitas garotas, mas na sua maioria apenas atração física, pois elas tinham dificuldade em entender sua ideologia de vida e suas convicções e ele as achava fúteis demais.
    Juliana teve poucos homens e menos ainda namorados. Valorizava muito a intimidade, a cumplicidade de um relacionamento e nunca era correspondida a altura.
    E entres viaturas e protestos, entre shows e militâncias, Rafael se destacou no Movimento Social, e conseguiu uma oportunidade como Gestor Público, onde pode desenvolver suas idéias em benefício de sua comunidade.
    Juliana era presidente de uma ONG, que desenvolvia um trabalho de revitalização de comunidades de baixa renda, reciclando lixo e transformando em fonte de renda e recursos para a comunidade.
    Um dia se encontraram num terreiro de Candomblé, que Rafael já freqüentava e que Juliana foi convidada a conhecer por amigos em comum. Conversaram sobre projetos, idéias; tornaram-se amigos.
    Descobriram que tinham muito em comum, apesar da origem diferente e de uma amizade sincera e responsável surgiu um amor que contagiava tudo e a todos ao seu redor.
    Namoraram durante anos e nesses anos dividiram sonhos, projetos, alegrias e tristezas. Casaram-se, tiveram filhos e criaram-nos em meio à natureza e o clima de revolução, numa Chácara entre o Morro da Ciranda e o Centro da Cidade, onde funcionava a sede de um projeto criado por eles.
    Juliana estava finalmente se sentindo livre, tinha encontrado sua paz e o amor de viver a vida intensamente.
    Rafael se sentia completo, pois encontrou um porto seguro, onde podia atracar depois de suas batalhas, vitórias e derrotas.

    Corvo

    segunda-feira, 11 de abril de 2011



    O que acontece, quando a repressão vira ódio?

    O que acontece após o efeito do ópio?

    Mente quebrada, arma na mão;

    Um louco brasileiro, corpos no chão!



    Você nunca viu, ou nunca quis ver,

    prefere se indignar, após a tragédia acontecer.

    É fácil reclamar, culpar o poder,

    Mas quando você, foi pra rua dizer?



    Hoje, político, sociedade e todos demais;

    ... O filho do Brasil que você ignorava,

    hoje é seu descaso, sangrando na calçada!...



    CORVO - Em Homenagem às crianças mortas hoje no Rio